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Informações e curiosidades do mundo da saúdeEstamos no período de transmissão das doenças por via aérea
06 de Maio de 2025

O outono, no hemisfério sul, é o período de maior circulação dos agentes que causam, doenças respiratórias (gripe, pneumonias, VSR e outras), muitas delas podem ser prevenidas por vacinas, até 2020 a gripe era prevenida pelo SUS, com vacina trivalente, em dose anual, para grupos de risco específicos (crianças de 6 meses a 5 anos, idosos a partir de 60 anos, gestantes e outros). Nas clínicas privadas a prevenção sempre foi feita com vacinas quadrivalentes, em crianças de 6 meses, até os adultos de qualquer idade, em dose anual.
A partir de 2023, o SUS continua com o esquema de proteção com a gripe igual, vacina tríplice em dose anual, já nas clínicas privadas, a partir de 2023 a SBIM após estudos publicados em várias entidades, e por orientação de agências regulatórias internacionais, (CDC, agencia europeia, e outras) passou a sugerir nos idosos com mais de 60 anos e pessoas a partir de 18 anos com comorbidades, que a vacina quadrivalente, deveria ser feitas em 2 doses com intervalo de 3 meses, neste período sazonal, porque estes pacientes tem um risco maior de contrair a gripe. Isto devido nos idosos à imunossenescência, e nos mais jovens a menor eficácia da vacina devido às comorbidades, que podem apresentar uma resposta imunológica menos eficiente. A partir deste ano entrou no mercado das clínicas privadas de imunização, uma vacina especial para este grupo com a imunidade comprometida, vacina com uma quantidade de antígeno 4 vezes maior, para melhor provocar o sistema imunológico destes pacientes, aumentando a eficiência contra a gripe.
Este diferencial entre as vacinas contra a gripe, continua em 2025 e pode, na próxima temporada, apresentar outras novidades, principalmente nos serviços privados, porque no mercado mundial, já existem outras vacinas contra a gripe, que podem ser aplicadas via nasal, vacinas com os mesmos antígenos, porém com adjuvantes diferentes que podem ser usadas pelos pacientes com imunidade comprometidas.
Há esta possibilidade que no futuro as clínicas privadas trabalhem com uma quantidade maior de vacinas, com características diferentes, com foco em grupos diferentes de pessoas, que apresentem necessidades especiais, por exemplo, existem cepas do vírus influenza que pode causar a doença no homem e que também causam a doença em outros animais, como exemplo, gripe aviária, e outros, que podem vir a ser utilizado em trabalhadores de empresas como granjas, abatedouros e etc, atuando na prevenção de forma mais específica.
O pneumococo é uma bactéria que pode causar doenças não invasivas (otites, sinusites, e outras infecções), esta bactéria está presente na garganta de crianças, e a partir daí pode também invadir a corrente sanguínea e causar doença invasivas, como por exemplo pneumonias, meningite e outras infecções. Para prevenção no Brasil antes de 2010 existiam vacinas polissacarídicas como por exemplo a pneumo 23, que provocava a produção de anticorpos, mas não células de memória, em 2010 entrou no mercado e foi utilizada no serviço público ( e está presente até hoje) a pneumo 10, ou seja uma vacina contra 10 sorotipos de pneumococos, conjugada a uma proteína que ensina nosso organismo a produzir anticorpos e também células de memória que protegem por um período maior contra estes agentes, com vantagem de eliminar o agente da garganta dos portadores, diminuindo a circulação no ambiente.
Ao longo do tempo a vacina foi eliminando estes sorotipos das crianças vacinadas e reduziu a circulação deles no ambiente, diminuindo a doença pneumocócica, porém com o tempo outros sorotipos da bactéria foram tomando o lugar destes sorotipos, este fenômeno é descrito como substituição (replacement em inglês). Estes novos sorotipos, foram adicionados a outras vacinas porque era necessário combater estes novos vilões, e assim ocorreu, hoje temos no mercado a pneumo 10 no serviço público e outras 3 vacinas conjugadas que estão persentes nas clínicas privadas (pneumo 13, pneumo 15 e pneumo 20), estas 3 vacinas mais atuais, possuem na sua composição os 3 sorotipos que começaram a provocar mais doenças pneumocócicas invasivas pelo seu maior poder invasivo e também cepas mais resistentes aos antibióticos. Antes de 2010, o sorotipo 14 era o principal sorotipo nas infecções pneumocócicas invasivas, a partir de 2015 no Brasil estas infecções foram causadas principalmente por 3 sorotipos 19 A, o 3 e o 6. Estes sorotipos estão na composição das 3 vacinas que podem ser encontradas de rotina, nas clínicas privadas.
Estas informações são importantes para que tanto os clínicos que atendem crianças, como os que atendem adultos, venham a conhecer esta dinâmica, e que pela bula destas vacinas todas, sejam adaptados esquemas para um calendário mais eficiente de proteção contra estes agentes que causam doenças invasivas que podem levar a internações e consequências mais graves da população.
ATENÇÃO, crianças que se vacinaram no SUS, utilizaram a pneumo 10, que não contém os 3 sorotipos mais prevalentes, após a pandemia do COVID, portanto elas podem fazer reforço com estas novas vacinas, observar que esta proteção, deve ser feita em 2 doses no segundo ano de vida, conforme a bula das vacinas. Qualquer dúvida procure orientação na clínica privada que possui as vacinas mais modernas.