Vírus Sincicial Respiratório (VSR) Quem é ele?

28 de Junho de 2023

Dr. Renato Kfouri comenta sobre o VSR, que pode infectar crianças, mas também adultos com a imunidade comprometida.

O vírus sincicial respiratório (VSR) esteve presente em 30% dos casos de doenças respiratórias registradas no Brasil nos primeiros três meses de 2023. Entre janeiro e março, foram mais de 3,3 mil infecções – dessas, 95% atingiram apenas bebês e crianças de 0 a 4 anos.

Os dados do Ministério da Saúde, coletados e monitorados pela iniciativa Info Gripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostram uma mudança de padrão na circulação do VSR, um vírus muito transmissível e bastante perigoso. Conhecido por ser o “vilão” da temporada outono e inverno, ele aparece pouco nos meses mais quentes, mas o comportamento mudou nos últimos anos.

No primeiro trimestre deste ano, o VSR causou mais infecções que o vírus da gripe. Ele só perde para a Covid-19, que ainda representa mais de 50% dos casos positivos entre doenças respiratórias. Em 2022, foram registrados 14.489 casos de VSR no Brasil – 13.542 (93%) somente na faixa etária de 0 a 4 anos.

Ao que tudo indica, a Covid-19 “desbloqueou” a sazonalidade do VSR de forma indireta, fazendo com que os casos do vírus sejam registrados em níveis por vezes elevados durante o ano todo. A infecção causada pelo VSR pode ser grave em grupos de risco, como bebês, crianças, idosos e portadores de distúrbios cardíacos congênitos ou doenças pulmonares crônicas.

De acordo com o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de PediatriaRenato Kfouri, as infecções por VRS sempre precedem os casos de influenza no Brasil.

 “O distanciamento, as crianças fora da escola, fizeram com que a gente não tivesse esse vírus em circulação. Isso acumulou um número grande de suscetíveis a ele: aquelas crianças que se infectaram no primeiro ou segundo ano de vida não se infectaram, não se expuseram ao vírus”, disse o médico.

“Com a retomada das rotinas e a retirada da máscara, as crianças começaram a se infectar. E agora a gente está vendo um aumento na circulação de vírus e mais crianças infectadas”, explicou Kfouri, que também é presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Isso justifica os casos de VSR registrados fora de época. Mas, mesmo com o vírus circulando em períodos não esperados, o pico sempre ocorre nos meses mais frios. Foram mais de 7,2 mil infecções por VSR entre abril e julho de 2022 contra 4,1 mil entre outubro do mesmo ano e janeiro de 2023.

Apesar de ser pouco conhecido, o vírus sincicial, também conhecido como Vírus Sincicial Respiratório (VSR), sempre esteve presente no Brasil, circulando junto com outros vírus respiratórios, e é bem semelhante ao vírus influenza, causador da gripe. É um vírus que causa infecções respiratórias agudas, principalmente em crianças, mas também pode afetar adultos.

O VSR é altamente contagioso e pode se espalhar facilmente por meio do contato direto com secreções respiratórias infectadas, como saliva, catarro e muco, além de objetos contaminados.

Os sintomas são parecidos com os de um resfriado comum: febre, tosse, espirros, coriza e mal-estar. Em bebês e crianças pequenas, a infecção pode causar bronquiolite, que é uma inflamação dos pequenos canais de ar dos pulmões. Em casos graves, o VSR causa bronquiolite. Doença que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões, e pneumonia, principalmente em bebês prematuros ou no primeiro ano de vida.

Adultos com imunidade elevada e boas condições de saúde, eles desaparecem em poucos dias. Mas, entre os pequenos e os mais velhos, a infecção pode evoluir e atingir brônquios, alvéolos e pulmões, o que pode ser fatal. Entre os sinais, estão febre alta, muita tosse e, principalmente, dificuldade para respirar.

“É um vírus que não dá imunidade duradoura. Você não pega só uma vez na vida. As reinfecções vão ser comuns. A segunda, a terceira, a quarta, a quinta vez que você se encontra com o vírus, a tendência é ter sintomas mais leves. Então, o risco maior é nos mais novos, que não tem imunidade, ou nos mais velhos, que perderam a imunidade.”

Pediatra Infectologista, Renato Kfouri